Em Icapuí, o compromisso com a sustentabilidade da previdência municipal é um dever inadiável. Temos assistido, ao longo dos anos, a um processo de valorização legítima do magistério, que trouxe conquistas históricas, como a paridade entre ativos e aposentados. No entanto, é preciso reconhecer que, diante dos novos desafios previdenciários, esse modelo exige reflexão e responsabilidade coletiva.
Hoje, mais de 70% da folha do ICAPREV está comprometida com o pagamento de aposentadorias e pensões, em sua maioria de professores que se aposentaram com salários elevados — fruto de uma política arrojada de valorização. Além disso, o mecanismo da paridade garante a esses beneficiários reajustes equivalentes aos dos servidores da ativa, muitas vezes acima da inflação. Isso tem provocado um crescimento acelerado do déficit atuarial do Instituto, colocando em risco a estabilidade do sistema previdenciário como um todo.
É imprescindível compreender que a previdência municipal deve ser pensada de forma solidária e intergeracional. Quando um grupo — mesmo que por mérito — passa a comprometer de forma desproporcional os recursos previdenciários, isso acaba por afetar diretamente o equilíbrio do sistema, comprometendo os direitos dos servidores de hoje e de amanhã.
O interesse legítimo de uma categoria não pode se sobrepor à necessidade de garantir o futuro da previdência de todos. Defender a sustentabilidade do ICAPREV não é um ataque a conquistas históricas, mas sim uma medida de responsabilidade com os servidores que ainda vão se aposentar. Precisamos de coragem para promover os ajustes necessários, com diálogo, transparência e foco no bem comum.
O desafio é grande, mas maior ainda é o nosso compromisso com a justiça social e com a construção de um sistema previdenciário sólido, duradouro e equitativo. Afinal, o interesse de alguns jamais pode se contrapor ao interesse de todos.
